A obesidade é uma condição causada pelo aumento da gordura corporal. Dizemos que uma pessoa é obesa quando apresenta um índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. O IMC é uma relação calculada a partir do seu peso e altura.
O excesso de gordura, principalmente na região abdominal, aumenta o risco de desenvolvimento de doença arterial coronária, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemias e algumas neoplasias.
Seu peso depende do equilíbrio entre a ingestão de calorias (alimentos e bebidas) e a quantidade de energia que seu corpo consome (funções fisiológicas do corpo e atividades físicas). Depende também da tendência natural do seu corpo em manter o mesmo peso e de todos os mecanismos hormonais e neurológicos envolvidos neste processo. Portanto, para perder peso, é necessário haver um déficit calórico (comer menos e gastar mais), mas isso não é tudo!
Diversos fatores levam à obesidade e nem sempre é fácil identificar quais são eles para cada paciente. Por isso, hoje, a obesidade é reconhecida como uma doença multifatorial resultante de uma complexa interação entre fatores comportamentais, culturais, genéticos, fisiológicos e psicológicos.
De forma simplificada podemos ter 2 situações principais:
Normalmente, o paciente apresenta uma mistura dessas influências, mas acredita-se que os fatores externos são mais relevantes na incidência de obesidade do que os fatores genéticos.
Portanto, a explicação simplificada de que o ganho de peso é determinado pelo modelo “calorias ingeridas maior que calorias gastas” está ultrapassada. Há muitas maneiras pelas quais as diferentes partes do corpo se comunicam umas com as outras para manter o peso corporal. Existem conexões nervosas entre o estômago e o cérebro. Há também vários hormônios envolvidos, incluindo a insulina, a grelina e a leptina. O termo médico para tudo isto é feedback homeostático e hemostasia quer dizer equilíbrio.
Um fato muito interessante é que certos alimentos com alto teor de açúcar e gordura podem cancelar estes sistemas naturais de equilíbrio que mantêm o nosso peso. Além disso, como os alimentos açucarados e gordurosos nos fazem sentir-se bem, eles acionam nosso centro de “recompensa” no cérebro, e acabam igualmente atrapalhando esse equilíbrio.
A cirurgia bariátrica é qualquer tipo de cirurgia realizada especificamente para ajudá-lo a perder peso. A depender do tipo de cirurgia bariátrica, ela pode ser:
O melhor tipo de cirurgia para você vai depender de seu peso, problemas de saúde que você possa ter, e a experiência do seu cirurgião. Seu cirurgião será capaz de lhe fornecer mais detalhes sobre os diferentes tipos de cirurgia e ajudá-lo a decidir o tipo mais apropriado para sua situação.
Durante a cirurgia da banda gástrica, uma faixa especial é colocada ao redor da parte superior do estômago, essencialmente “dividindo” o estômago em dois compartimentos. Esta cirurgia é feita por via laparoscópica sob anestesia geral.
Quando você come, a comida passa de seu esôfago para a parte do estômago acima da faixa. Como esta parte superior é menor do que o tamanho original do seu estômago, você comerá menos do que antes para se sentir satisfeito. Depois de comer, o alimento passa gradualmente para a parte do estômago abaixo da faixa e é digerido normalmente.
A faixa é conectada a um dispositivo especial que é colocado embaixo da sua pele no abdômen para permitir este ajuste. Os ajustes podem ser necessários nos primeiros meses após sua cirurgia e são feitos no próprio consultório médico, sem necessidade de outra anestesia geral ou operação. Esta cirurgia também é reversível. A banda pode ser removida posteriormente, se necessário. Quando a banda é retirada você pode voltar a ganhar peso.
Apesar de ser uma cirurgia bem segura, como toda cirurgia apresenta alguns riscos e complicações. Às vezes, uma banda gástrica pode escorregar para fora do lugar ou pode desgastar (corroer) a parede do estômago e neste caso precisa ser retirada. Uma banda gástrica também pode se desgastar e precisar ser substituída posteriormente. Além disso, algumas pessoas podem levar até dois anos para se acostumar à banda gástrica, modificar seus hábitos alimentares e perder peso de forma eficaz.
Também chamada de gastroplastia em Y-de-Roux. Durante a cirurgia, seu estômago é dividido em dois, criando uma pequena bolsa para o “novo estômago” (volume aproximado de 50ml) e deixando a maior parte do estômago fora da via alimentar.
Uma parte de seu intestino delgado é então conectada a este novo estômago. Isto significa que quando você come, a comida contorna a parte principal do seu estômago e a parte superior do seu intestino delgado.
Nesta parte superior do seu intestino, sua comida começaria a ser digerida e absorvida, mas como ela será contornada, menos calorias serão absorvidas.
Além disso, como o novo estômago é bem menor, a quantidade de alimentos que você é capaz de comer é reduzida, restringindo assim as calorias que você ingere.
Esta operação é feita por via laparoscópica ou robótica e é necessária uma anestesia geral. O principal risco da cirurgia de bypass gástrico é que um vazamento (fístula) possa se desenvolver no ponto onde seu intestino delgado está conectado ao seu estômago. No entanto, isto é raro. Se isso ocorrer, será necessária uma cirurgia adicional para reparar o vazamento. Além disso, como uma parte do seu intestino é contornada durante a cirurgia, você pode desenvolver deficiência de algumas vitaminas e minerais. Por esta razão, é necessário um seguimento médico, exames de sangue para pesquisa de deficiências e correção com suplementos vitamínicos.
A cirurgia de bypass gástrico pode levar a uma maior perda de peso do que a cirurgia da banda gástrica, mas é uma cirurgia maior, necessitando de mais tempo para o paciente se adaptar. Esta cirurgia é mais eficiente em comedores de doces. É particularmente benéfica para pessoas com diabetes tipo 2 e já trata simultaneamente o refluxo.
Nesta cirurgia uma parte do estômago (aproximadamente 70%) é removida para que você fique com uma parte menor do estômago (volume aproximado de 300 ml) no formato de um tubo estreito. O estômago continua conectado ao seu esôfago acima e à primeira parte do intestino abaixo.
Como o estômago se torna menor, suas refeições também se tornam menores. Além disso, você também se sentirá mais “cheio” por um tempo mais longo e terá menos apetite. Por isso este tipo de cirurgia é mais eficiente em comedores de grande volume de comidas por refeição.
A gastrectomia vertical pode ser um pouco menos eficaz do que o Bypass em termos de perda de peso.
As vezes, num paciente muito obeso e com muitos problemas de saúde, a gastrectomia vertical é feita como uma primeira operação e depois uma segunda operação, como o Bypass, pode ser realizada com menos riscos em uma data posterior. Algumas pessoas podem não precisar de uma segunda operação, pois podem perder peso suficiente apenas com a gastrectomia vertical. Esta operação é feita por via laparoscópica ou robótica e é necessária uma anestesia geral. As principais complicações são vazamento (fístula) na “costura” (sutura) feita no estômago (muito rara), piora do refluxo e menor perda de peso.
A cirurgia de perda de peso pode ajudar algumas pessoas a perder peso, mas ela não é a primeira opção de tratamento. A cirurgia bariátrica só deve ser realizada após uma avaliação muito cuidadosa, caso a caso. Você precisa estar totalmente preparado para a cirurgia e precisa estar altamente motivado. É importante que ao considerar a cirurgia você tenha uma compreensão completa do que ela envolve, incluindo os riscos e benefícios.
A cirurgia bariátrica, por si só, não cura o problema de peso. Você também precisa fazer mudanças a longo prazo em seu estilo de vida e hábitos alimentares se quiser manter-se saudável!